PORTAL KHANEH
Do Afeganistão ao Brasil, à procura de refúgio.
“Chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida”
Milton Nascimento
Quem somos
As fronteiras do Afeganistão desenham uma área de cerca de 652.230 quilômetros quadrados no coração da Ásia. Não fica no Oriente Médio, nem no levante fértil. Dentro desses quilômetros cabem paisagens que a maior parte dos brasileiros não imagina na região: montanhas, florestas montanhosas, estepes, vegetação fluvial densa – e, sim, também tem um deserto.
Dentro desses quilômetros cabem aproximadamente 40 milhões de habitantes, segundo dados recolhidos pela CIA, o serviço secreto dos Estados Unidos. Em sua maioria, não são árabes. Há cerca de 32 etnias diferentes vivendo dentro desse país, que é menor que os estados brasileiros do Pará e do Amazonas.
Falam pashto, dari, persa e brigam entre si em todas essas línguas. Também podem conviver em paz: são amigos, familiares e bons vizinhos.
O país tem uma história milenar e foi palco de inúmeras guerras. Ganhou o apelido de “cemitério de impérios”: Alexandre, o Grande e Genghis Khan perderam suas batalhas por lá. Dá para dizer que impérios da modernidade também tiveram derrotas no Afeganistão, como os Estados Unidos e a União Soviética.
Em 15 de fevereiro de 1989, o último general soviético atravessou a Ponte da Amizade, que liga o Afeganistão ao Uzbequistão, passando sobre o rio Amu Daria. Esse momento marcou o fim da ocupação soviética no país e marcou a ascensão do grupo fundamentalista islâmico Talibã ao poder pela primeira vez.
Os cinco anos de domínio do grupo foram marcados por um governo com mãos de ferro, bélico e armado até os dentes.
O grupo caiu com a entrada de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos em Cabul, capital afegã, em 13 de novembro de 2001. A ocupação foi uma resposta ao ataque ao World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.
Durante os vinte anos de ocupação americana (e minoritariamente britânica) no Afeganistão, o mundo assistiu o que é considerada a guerra mais cara da história. A empreitada custou cerca de US$ 2 trilhões aos americanos.
Alguns presidentes americanos prometeram, mas foi Joe Biden quem tirou as tropas americanas do Afeganistão. Os três mil militares dos EUA que estavam no país em agosto de 2021 receberam ordens para voltar para suas casas, e rapidamente o Talibã tomou diferentes regiões do país.
Em 15 de agosto de 2021, o grupo retomou Cabul e a segunda temporada dos talibãs no poder começou. Segundo a ONU, até 2023, 1,6 milhão de afegãos haviam deixado o país desde a captura da capital.
De acordo com dados do governo brasileiro, cerca de 11,2 mil afegãos tiraram o visto humanitário autorizado em 2021 para que pudessem refugiar-se no Brasil.
O Brasil foi o único país a abrir as portas e criar um mecanismo de refúgio rápido para a população afegã. Desde então, muita coisa aconteceu.
O Portal Khaneh – palavra que significa “casa” em persa – existe para registrar as histórias dos afegãos no Brasil, suas principais demandas, vivências e vontades.
O objetivo é criar um retrato histórico contínuo, como deve ser o jornalismo, do que aconteceu desde que o fluxo de migrantes afegãos começou a chegar no Brasil.
A gradual mescla entre as culturas brasileira e afegã — tão distintas quanto opostas –, promovida pelo convívio, deu origem a histórias já registradas aqui e a outras que ainda serão contadas, conforme o portal segue em atualização.
O Brasil é um bom país para ser um refugiado? Esperamos que cada leitor tenha a sua própria resposta depois de navegar no Khaneh.